domingo, 11 de março de 2012

Ainda sobre imigracao e retorno ...

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1057464-foi-um-choque-voltar-ao-interior-conta-brasileira.shtml

'Foi um choque voltar ao interior', conta brasileira
AMANDA LOURENÇO
JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Voltar para o Brasil depois de ter morado no exterior pode gerar saudade tão grande que causa até depressão. Essa é a chamada "síndrome de regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.
Leia depoimentos de pessoas que sofreram com o problema:

Silvia Zamboni/Folhapress
A gerente de salão de beleza Eliana Rodrigues, 38, em Campo Belo, bairro onde trabalha
A gerente de salão de beleza Eliana Rodrigues, 38, em Campo Belo, bairro onde trabalha

'Foi um choque voltar ao interior'
"Eu amava Londres, fiquei lá por um ano, mas precisei voltar por causa de um problema pessoal. Foi um choque enorme sair daquela capital linda, tão organizada e com tanta cultura e informação para chegar a Lorena (a 220 quilômetros de São Paulo), cidade onde a minha família mora.
Fiquei muito abalada com a volta, tanto que cheguei a engordar 15 quilos em dez meses. Meus amigos de lá não entendiam essa minha tristeza, eles se sentiam ofendidos e me taxavam de frustrada.
Foi então que decidi ir pra São Paulo e correr atrás de um emprego. Meus amigos da capital conseguiam me entender melhor. Uma amiga que é médica acabou me prescrevendo antidepressivos. Agora eu estou bem, gosto daqui, mas se tivesse que voltar para Lorena acho que enlouqueceria.
Na verdade, eu gostaria mesmo era de ter nascido em Londres, não porque eu me incomode em ser uma estrangeira lá, mas porque minha família e alguns bons amigos estão no Brasil. Se eu tivesse nascido na Inglaterra não teria esse problema."
Eliana Rodrigues, 38, gerente de salão de beleza
'Passei a sofrer de insônia'
"Quando eu estava no Canadá, onde vivi por cinco anos, pensei várias vezes em voltar ao Brasil. Eu achava as pessoas muito frias e indiferentes por lá. Isso fazia eu me sentir solitário, tinha saudade dos amigos e da família.
Ao voltar para minha cidade, Porto Alegre, as coisas não saíram como eu planejava. Mantive bom relacionamento com a família e os amigos, mas percebi que eu tinha mudado bastante, enquanto as pessoas que conviviam comigo continuavam iguais.
O que mais me incomodou foi a questão da carreira: sou engenheiro de computação e acho que no Brasil não há valorização de profissionais qualificados. As empresas preferem pagar menos para qualquer um.
Após ter estudado e trabalhado no exterior, tive dificuldade para me recolocar no mercado. Esperava um salário melhor, que nunca veio.
Fiquei deprimido e passei a sofrer de insônia. Um ano depois de ter voltado, ainda não me adaptei nem consegui organizar minha vida. Estou avaliando a possibilidade de ir embora novamente, dessa vez para sempre".
Carlos Moreira (nome fictício), 29, engenheiro de computação

Nostalgia e decepção com o país levam à depressão do retorno

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1057457-nostalgia-e-decepcao-com-o-pais-levam-a-depressao-do-retorno.shtml

AMANDA LOURENÇO
JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nostalgia, perda de liberdade, frustração e decepção com o próprio país são alguns motivos que levam à síndrome do regresso, cujo sintoma mais comum é a aparente recusa em viver no presente.
"Foi um choque voltar ao interior", conta gerente de salão de beleza
Retorno ao Brasil pode gerar até depressão em ex-imigrantes
"Enquanto mora fora, a pessoa tende a idealizar a própria terra", diz Roosevelt Cassorla, professor de psicologia da Unicamp.

Silvia Zamboni/Folhapress
A tradutora Paula Taverneiro, 30, no centro de São Paulo, perto do escritório onde trabalha
A tradutora Paula Taverneiro, 30, no centro de São Paulo, perto do escritório onde trabalha

Foi o caso de Danielle Cassar, 24. Ela vivia na Irlanda desde 2009, até que engravidou do marido maltês, há dois anos, e decidiu voltar e criar o filho no Brasil. A nostalgia a fez esquecer da burocracia tropical: "Viemos com a intenção de investir em imóveis, mas nem conseguimos abrir conta no banco. O casamento entrou em crise", diz.
Ela se sentia culpada por ter trazido o marido a um lugar onde nada parecia dar certo. O casal mudou para Malta, país a 93 km da Itália, e os problemas sumiram, segundo Danielle: "Hoje sei que não me readapto ao Brasil".
A modelo Marina Mesquita, 22, sabia que violência urbana era um problema em São Paulo, mas sofreu um choque de realidade ao voltar da França. Ficou seis meses sem sair à noite.
"Tinha pânico, pedia pizza por telefone, achava inviável sair depois das 22h. Minha mãe percebeu que algo andava mal quando sofri queda de pelos do rosto e precisei de médico".
Após sete anos no Canadá, a tradutora Paula Taverneiro, 30, compara: "Aqui você só é valorizado se tem um trabalho considerado bom, de 'classe média'. Lá ninguém se importa se você é garçonete ou professora".
Como aqui não era o caso de servir mesas, Paula ficou um ano sem emprego.
ROTA DE FUGA

Editoria de Arte/Folhapress
Como se readaptar ao Brasil
(articleGraphicCaption).

No retorno, leva vantagem quem conheceu mais lugares e tem perspectivas no Brasil, diz Marina Motta, gerente de intercâmbio do STB (Student Travel Bureau), em Recife.
"Nada como conhecer outro lugar para se desapegar do 'primeiro amor'", diz.
A gerente fez 11 intercâmbios de 1996 a 2001. No primeiro, tinha 14 anos. "No começo, sua base de comparação é pequena, então você supervaloriza o que é de fora. Adicionar outros países e valores na balança ajuda a ver que toda cultura tem seus pontos baixos."
Aos 15, Marina tinha duas certezas: não iria morar no Brasil nem casar com brasileiro. Hoje, aos 30, mora em sua cidade natal e é casada com um rapaz que cresceu perto de sua casa. "As primeiras viagens são de deslumbre, tudo é perfeito. Depois a gente cria casca e passa a ser mais justo com o Brasil."
A economia do país, acredita, ajuda a reduzir a depressão da volta: "Alguém em início de carreira tem mais chances aqui do que na Europa".

De volta ao país, brasileiros sofrem 'síndrome do regresso'

Decidi dividir esse link com voces, porque achei o artigo interessante, repleto de informacoes a serem digeridas por nos os sem ninho! Como costumo me auto definir.
 
 
AMANDA LOURENÇO
JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


A crise dos países desenvolvidos está levando muitos brasileiros a fazerem as malas de volta para casa. Segundo o Itamaraty, 20% dos que moravam nos EUA e um quarto dos que moravam no Japão já retornaram desde o começo da recessão, em 2008.
"Foi um choque voltar ao interior", conta gerente de salão de beleza
Nostalgia e decepção com o país levam à depressão do regresso
O relatório de 2011 sobre a população expatriada sai no fim deste mês, e a taxa de retorno deve ser ainda maior. Há tanta gente comprando a passagem de volta e tanta dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho brasileiro que o Itamaraty lançou o "Guia de Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.
O caminho de volta pode gerar depressão. É a "síndrome do regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.
Morto em 2011, Nakagawa estudava a frustração de brasileiros que voltavam ao país após uma temporada de trabalho em fábricas japonesas.
"A adaptação em um país diferente acontece em seis meses, já a readaptação ao país de origem demora dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa, viúva do psiquiatra e coordenadora do projeto Kaeru, de reintegração de crianças que voltam do Japão.
BONDE ANDANDO

Silvia Zamboni - 27.fev.12/Folhapress
O gerente de marketing Rafael Marques, 33, no centro de São Paulo
O gerente de marketing Rafael Marques, 33, no centro de São Paulo

Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
"Retornar é uma nova imigração", diz a psicoterapeuta Sylvia Dantas, coordenadora do projeto de Orientação Intercultural da Unifesp. "A sensação é de que perdemos o bonde, estamos por fora do que deveríamos conhecer como a palma da mão."
Quando voltou do segundo intercâmbio no Canadá, o gerente de marketing Rafael Marques, 33, descobriu que havia ficado para tio: "Todos os meus amigos estavam casados, com outras prioridades. Demorei meses para me situar". Resultado: deprimiu. Recuperado, hoje ele trabalha com intercâmbios.
Para amenizar o estranhamento, a analista de marketing Natasha Pinassi, 34, se refugiou nos amigos feitos durante sua vivência de um ano na Austrália: "Em pouco tempo no Brasil percebi que deveria ter feito minha vida na Austrália. Já não via graça nas pessoas e nos lugares que frequentava antes. Só conversava com brasileiros que conheci no exterior".
A família pouco ajudava: "Não pude falar o que sentia. Eu me culpava por estar sofrendo enquanto meus pais estavam felizes com minha volta", diz Natasha, que tomou antidepressivos para tentar sair desse estado.
A síndrome não é exclusividade dos brasileiros. "Em minhas pesquisas com imigrantes, percebi um sentimento geral de que o país deixado não é o mesmo na volta", diz Caroline Freitas, professora de antropologia da Faculdade Santa Marcelina. "Um português me disse não querer voltar por saber que Portugal já não estaria lá."
ABANDONO
Quem sofre de síndrome do regresso é frequentemente considerado esnobe. Parentes e amigos têm pouca paciência com quem volta reclamando: "O retorno tem uma significação para aquele que ficou. Junto com saudade, há um sentimento inconsciente de abandono, ressentimento e de inveja daquele que se aventurou", explica Dantas.
Para Nakagawa, amigos costumam simplificar o processo de reintegração: "Há uma pressão para que a pessoa 'se divirta'. Na melhor das intenções, os amigos não respeitam o tempo do viajante".
Se a família também não ajudar, o ideal é procurar um psicólogo com formação intercultural. Em São Paulo, o núcleo intercultural da Unifesp dá orientação gratuita.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Esperancas de bons (e otimos) trabalhos para imigrantes em Quebec!!

Postagem para nao dizer que eu so conto as mas noticias de Montreal.
Aqui vai um copo de cheio de boas esperancas de sucesso!!


24  HEURES - Le samedi 4 février 2012

L'éducation : clé de réussite pour les immigrants

02/02/2012 16h25 - Mise à jour 02/02/2012 16h36


La juge de la citoyenneté Veronica Mae Johnson, dans son bureau de Montréal.
Photo: Jean-François Villeneuve
Femme noire issue de l'immigration, la juge de la citoyenneté canadienne Veronica Mae Johnson est un véritable modèle d'intégration. Son parcours prouve que, malgré les embûches, les nouveaux arrivants peuvent vaincre les préjugés et réaliser leur plein potentiel au Canada.
Issue d'une famille modeste où l'éducation était vue comme un passeport pour la réussite, Mme Johnson conserve encore cette perception près d'un demi-siècle plus tard.
« Tout est possible au Canada, explique celle qui a travaillé 25 ans dans le milieu scolaire, avant de prendre le rôle de juge de la citoyenneté en 2011. C'est difficile, mais pas impossible. Ni à l'époque, ni maintenant ».
Si elle considère que les gens à peau noire ont davantage de difficultés que les Blancs à trouver un emploi, elle ne désespère pas. «Il y a toujours des défis parce que, dans la société, il y a entre 20 et 30 % des gens qui n'aiment pas l'immigration ».
Bien s'intégrer
Veronica Johnson se souvient de s'être fait interpeler dans un autobus montréalais, au début des années 1970. « Une dame m'a crié de retourner d'où je venais. Les Canadiens, ils nous regardaient comme des choses étranges ».
La situation a évolué depuis, mais elle concède que les immigrants font toujours face à des problèmes bien à eux. « J'ai connu des élèves qui sont venus rejoindre leurs parents au Canada après deux, trois et même cinq ans de séparation. C'était difficile pour eux de s'intégrer, mais c'était une occasion de travailler avec ces personnes pour les aider à s'intégrer ici ».
Un problème de langue
La principale barrière reste la connaissance d'une des deux langues officielles. Une lacune qui fait en sorte que des demandeurs ne réussissent pas les examens de citoyenneté. « Certains font vraiment un effort, mais au niveau de la langue, il y a parfois des échecs », déplore-t-elle.
La façon de parvenir à ses objectifs, selon elle, est de s'investir à apprendre à évoluer positivement dans la société d'accueil.
« Si vous voulez être citoyen, c'est à vous de prendre les mesures nécessaires. C'est à vous de trouver votre place, de décider de suivre des cours de langue. C'est possible », conclut la juge Veronica Johnson.
jeanfrancois.villeneuve@24-heures.ca